quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Minha primeira lição

Volto a escrever, depois de um longo dia na obra. Minhas pernas bambeavam no trem, enquanto o povo cantava aleluia. ALELUIA! Por quê, meu Deus?! Todo mundo sem dinheiro no bolso, com roupas velhas e cheio de fome. Um cheiro que dá até gosto pros ratos lá da minha cozinha. Esse negócio de agradecer não dá dinheiro e esse povo não entende. Bom é ficar impassível, enquanto os outros tentam saber o que você tá pensando. Aquela cara que os executivos fazem quando param no sinal, com uma mão no volante e o outro braço pra fora da janela. Isso sim é aleluia.

Agora, mais um pouco da minha história.

Quando fiz três anos, ganhei uma roupinha de presente. Fiquei todo feliz, até que mamãe, com sua gentileza habitual soltou "isso é um avental, seu idiota! Tá na hora de aprender a cozinhar!". Mas felizmente nunca tinha comida, o que me poupou muito trabalho. Graças a Deus eu fui o escolhido lá de casa pra obra, e só aos quatro. Papai me deu uma enxada e falou que aquilo era o meu futuro. Orgulhoso, deixei cair uma lágrima. Mas papai me corrigiu, antes que eu pudesse agradecer, me ensinou a minha primeira grande lição. Depois do carinhoso cascudo, escolheu as palavras, tentando ser delicado, e me disse: "homem não chora, porra!".

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