quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Minha primeira lição

Volto a escrever, depois de um longo dia na obra. Minhas pernas bambeavam no trem, enquanto o povo cantava aleluia. ALELUIA! Por quê, meu Deus?! Todo mundo sem dinheiro no bolso, com roupas velhas e cheio de fome. Um cheiro que dá até gosto pros ratos lá da minha cozinha. Esse negócio de agradecer não dá dinheiro e esse povo não entende. Bom é ficar impassível, enquanto os outros tentam saber o que você tá pensando. Aquela cara que os executivos fazem quando param no sinal, com uma mão no volante e o outro braço pra fora da janela. Isso sim é aleluia.

Agora, mais um pouco da minha história.

Quando fiz três anos, ganhei uma roupinha de presente. Fiquei todo feliz, até que mamãe, com sua gentileza habitual soltou "isso é um avental, seu idiota! Tá na hora de aprender a cozinhar!". Mas felizmente nunca tinha comida, o que me poupou muito trabalho. Graças a Deus eu fui o escolhido lá de casa pra obra, e só aos quatro. Papai me deu uma enxada e falou que aquilo era o meu futuro. Orgulhoso, deixei cair uma lágrima. Mas papai me corrigiu, antes que eu pudesse agradecer, me ensinou a minha primeira grande lição. Depois do carinhoso cascudo, escolheu as palavras, tentando ser delicado, e me disse: "homem não chora, porra!".

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Nasci à luz da decepção

Me chamo Ignaro Honero. Nasci em 1984, ano em que, apesar da eleição de Tancredo e do lançamento do Mac, os grandes acontecimentos foram, sem dúvida, o nascimento de Scarlett Johansson e a exibição de Chaves pela primeira vez no Brasil. Portanto sou, como a maioria dos brsileiros de 25 anos do sexo masculino, um apaixonado pela atriz americana e um bobo-alegre fã incondicional de Chaves.
Me lembro da primeira luz ao sair do útero de mamãe. Era forte e bem direcionada, nasci pensando que chegava diretamente em um palco, e que aquela era a luz de centro do meu espetáculo. Imagine qual foi minha decepção quando percebi que a luz vinha de uma lanterna na testa de meu pai, presa ao seu capacete de pedreiro. E que estava, na verdade, embaixo de uma laje que viria a ser minha área de lazer. Que desilusão... Cheguei soberbo com vontade de vida artística e nos primeiros segundos de vida percebi minha condenação às eternas refeições de feijão com farinha.
Mamãe se chamava Edevina e papai Genivaldo. De onde tiraram meu belo nome não faço ideia. Mas quando perguntado, meu pai disse que tinha tido um sonho em que cagava um homenzinho verde que só repetia essa duas palavras. Até hoje o carrego com orgulho sem saber muito bem se veio de uma visão divina ou uma invasão alienígena. Mas definitivamente não tenho dúvidas de que tenha sido um aviso prévio do meu futuro de merda.
Lamentavelmente, nesse minuto, ao reler meus primeiros parágrafos de nascimento entrei em depressão e, como qualquer depressivo que se preze, preciso de algumas pílulas e de um quarto escuro. Até breve.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A saga de um todo-dia

A saga do mundo indiscreto começa hoje. Que ninguém perceba, mas vim sem roupas...