segunda-feira, 15 de março de 2010

Meus cinco anos

Tive que me ausentar por alguns meses, porque logo no início da minha inclusão digital tomei um tiro na volta do trabalho...
Fiquei esse tempo todo tentando tirar a bala e, depois de 5 meses, ela saiu naturalmente. Mas essa grande noite da minha vida, em que eu finalmente poderia comemorar minha saúde, fui expulso de casa. só porque a bala entupiu a privada e a cagada se espalhou pela casa.
Estou agora aqui numa das cabines de computador que o governo pôs embaixo do Santa Marta, uma beleza isso, dez computadores pra mais de 10 mil pessoas. Isso é que é fartura de inclusão digital!
E viva o Chorão Cabral e o PlayPaes! Que papel hein... tá certo em defender o nosso, mas chorar? Papai me ensinou que "homem não chora, porra!". Faltou alguém dar um cascudo carinhoso no governador.

Agora voltando ao que eu contava...

Quando fiz cinco anos, em 1989, foi uma mudança radical em minha vida. Não só porque o Bushão pai tomou posse como presidente dos US and A, nem porque houve a queda do muro de Berlim (meu tio conta que tinha um amigo que foi chamado pra ser pedreiro na alemanha oriental nos tempos difíceis, e que lá, pular o muro dava morte, mas a cerca podia - o que na minha cabeça durante muito tempo foi só uma questão de altura...), mas principalmente porque foi o ano em que o glorioso Edir Macedo (Edinho pros íntimos) comprou a Record. Finalmente a TV brasileira ia ter alguém de classe pra representar o povo, nossa esperança sofrida e nossa fé eterna começou a ter visibilidade e qualidade representativa. Edinho é um santo que me ajudou muito, sempre com suas lições de humildade, passadas com o maior cuidado que ele podia ter, e a maior mostra de carinho, que muitas vezes eram transmitidas direto de seu jatinho. Ele era generoso a ponto de atrasar o jantar de lagostas e a garrafa de champanhe só para nos consolar. Que homem!

E não foi só. haja ano pra tanta coisa. Enquanto eu estava empilhando tijolos e honrando o nome da família, era desenvolvida a chave para essa minha nova possibilidade. Foi o ano em que, enquanto os chineses eram massacrados na praça da paz celestial e o Collor sorria para um Brasil ingênuo, era criada a grande WWW! um dos lances mais importantes para a internet e o início dessa trajetória de inclusão digital que agora eu alcanço o topo. Naqueles tempos de UoudiUaidiUebi eu já aprendia a usar a geladeira. Primeiro passo pra minha digitalização.

Mas olhando agora, depois de tanto tempo, dá pra perceber que os maiores acontecimentos mesmo daquele ano não podiam ser vistos à época. Hoje sim, eu enxergo que as efemérides de 1989 foram o nascimento de Daniel Radcliffe (o Harry Potter gay enrustido) e o lançamento dos Simpsons.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Minha primeira lição

Volto a escrever, depois de um longo dia na obra. Minhas pernas bambeavam no trem, enquanto o povo cantava aleluia. ALELUIA! Por quê, meu Deus?! Todo mundo sem dinheiro no bolso, com roupas velhas e cheio de fome. Um cheiro que dá até gosto pros ratos lá da minha cozinha. Esse negócio de agradecer não dá dinheiro e esse povo não entende. Bom é ficar impassível, enquanto os outros tentam saber o que você tá pensando. Aquela cara que os executivos fazem quando param no sinal, com uma mão no volante e o outro braço pra fora da janela. Isso sim é aleluia.

Agora, mais um pouco da minha história.

Quando fiz três anos, ganhei uma roupinha de presente. Fiquei todo feliz, até que mamãe, com sua gentileza habitual soltou "isso é um avental, seu idiota! Tá na hora de aprender a cozinhar!". Mas felizmente nunca tinha comida, o que me poupou muito trabalho. Graças a Deus eu fui o escolhido lá de casa pra obra, e só aos quatro. Papai me deu uma enxada e falou que aquilo era o meu futuro. Orgulhoso, deixei cair uma lágrima. Mas papai me corrigiu, antes que eu pudesse agradecer, me ensinou a minha primeira grande lição. Depois do carinhoso cascudo, escolheu as palavras, tentando ser delicado, e me disse: "homem não chora, porra!".

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Nasci à luz da decepção

Me chamo Ignaro Honero. Nasci em 1984, ano em que, apesar da eleição de Tancredo e do lançamento do Mac, os grandes acontecimentos foram, sem dúvida, o nascimento de Scarlett Johansson e a exibição de Chaves pela primeira vez no Brasil. Portanto sou, como a maioria dos brsileiros de 25 anos do sexo masculino, um apaixonado pela atriz americana e um bobo-alegre fã incondicional de Chaves.
Me lembro da primeira luz ao sair do útero de mamãe. Era forte e bem direcionada, nasci pensando que chegava diretamente em um palco, e que aquela era a luz de centro do meu espetáculo. Imagine qual foi minha decepção quando percebi que a luz vinha de uma lanterna na testa de meu pai, presa ao seu capacete de pedreiro. E que estava, na verdade, embaixo de uma laje que viria a ser minha área de lazer. Que desilusão... Cheguei soberbo com vontade de vida artística e nos primeiros segundos de vida percebi minha condenação às eternas refeições de feijão com farinha.
Mamãe se chamava Edevina e papai Genivaldo. De onde tiraram meu belo nome não faço ideia. Mas quando perguntado, meu pai disse que tinha tido um sonho em que cagava um homenzinho verde que só repetia essa duas palavras. Até hoje o carrego com orgulho sem saber muito bem se veio de uma visão divina ou uma invasão alienígena. Mas definitivamente não tenho dúvidas de que tenha sido um aviso prévio do meu futuro de merda.
Lamentavelmente, nesse minuto, ao reler meus primeiros parágrafos de nascimento entrei em depressão e, como qualquer depressivo que se preze, preciso de algumas pílulas e de um quarto escuro. Até breve.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A saga de um todo-dia

A saga do mundo indiscreto começa hoje. Que ninguém perceba, mas vim sem roupas...